A História Por Trás dos Alimentos - IDADE MÉDIA: a culinária nos mosteiros



Primeiro tivemos a Pré-História, depois tivemos a Idade Antiga e depois da antiga vem a Idade Média e depois da Média tivemos a Idade Moderna. A Idade Média é um dos quatro grandes períodos da história segundo a divisão moderna realizada pelos historiadores. A Idade Média localiza-se entre a Idade Antiga e a Idade Moderna, estendendo-se de 476 a 1453. Então tivemos, 1) Pré-história entre 3.500 a.C. e 3.000 a.C (cerca de 350 mil anos); 2) Idade Antiga entre 3500 a.C. e 476 d.C.; 3) Idade Média entre 476 a 1453. Sabe-se atualmente que o período medievo trata-se de uma divisão eurocêntrica, uma vez que sua consideração leva em consideração, sobretudo, os acontecimentos relacionados ao continente europeu.

Nesta fase pouco se escreveu sobre gastronomia, sendo os relatos de caráter histórico dos povos e bastante relacionados à tradição gastronômica dos mosteiros.

Nos mosteiros da Idade Média, com o desenvolvimento de videiras nobres, foi aprimorada a qualidade dos vinhos, utilizados na eucaristia e nas mesas dos monges e seus hóspedes.

No início da Idade média, a vida no campo tornou-se mais intensa e mais importante devido ao desaparecimento das cidades com a invasão do Império Romano pelos bárbaros. Houve uma fuga da população das cidades para as fazendas em busca de abrigo, proteção e alimentação. Como os próprios bárbaros eram agricultores e pastores, após os saques voltavam para o campo, onde se fixavam. Os reis bárbaros doavam os feudos, grandes extensões de terra, para quem tivesse se destacado nas guerras. Com o tempo os donos das propriedades se tornavam poderosos, sendo donos não só das terras, mas de tudo que havia dentro dela, inclusive os camponeses, e assim se formou a nobreza feudal.

A Igreja era detentora de muitas terras, doadas pelos nobres e os mosteiros sempre foram grandes centros de cultura, sendo bastante importantes para a gastronomia. Os conhecimentos culinários dos romanos foram herdados e simplificados melhorando a qualidade dos alimentos e das preparações. Os monges também desenvolveram a jardinagem e horticultura retomando o uso de frutas e legumes nas refeições.

Os mosteiros mantinham padarias comunitárias em virtude das extintas padarias de Roma e serviam de armazém de alimentos para as redondezas, e com o tempo, passaram a aumentar a sua produção e vender alimentos nas feiras livres.

O peixe começou a ser usado em larga escala devido ao grande centro de pesca do Oceano Atlântico, sendo barato e popular e se tornou a base da dieta dos cristãos e bastante valorizado na Idade Média.

Nesta época a culinária não era variada e nem apetitosa, pois os ingredientes eram misturados sem nenhuma preocupação com combinação. As especiarias, como a noz-moscada e a pimenta-do-reino, foram consideradas gêneros de primeira necessidade, sendo servidos em utensílios nobres de ouro ou prata e limitadas à mesa dos reis.

Comia-se muito e com voracidade. Cortava-se a carne com o próprio punhal ou com as mãos e os restos eram jogados aos cachorros no chão. Usava-se muito os assados, e os guisados foram esquecidos até o séc. XIII quando se voltou a usar fornos e os molhos começaram a ser apreciados. Neste mesmo século, os chineses ofereceram ao navegador Marco Pólo uma massa feita com de farinha de trigo ou soja, que originou os espaguetes e talharins e o arroz foi trazido da Ásia e se espalhou pela Europa.

A tomada de Constantinopla pelos turcos marcou o fim do Império Romano e o fim da Idade Média.

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First we had Prehistory, then we had the Ancient Age and after the Ancient comes the Middle Ages and after the Middle Ages we had the Modern Age. The Middle Ages is one of the four great periods of history according to the modern division carried out by historians. The Middle Ages is located between the Ancient Ages and the Modern Age, extending from 476 to 1453. So we had, 1) Prehistory between 3,500 BC and 3,000 BC (about 350 thousand years); 2) Ancient Age between 3500 BC and 476 AD; 3) Middle Ages between 476 and 1453. It is currently known that the medieval period is a Eurocentric division, since its consideration takes into account, above all, events related to the European continent.

At this stage, little was written about gastronomy, with the stories of the peoples' historical character and closely related to the gastronomic tradition of the monasteries.

In monasteries of the Middle Ages, with the development of noble vines, the quality of wines used in the Eucharist and on the tables of monks and their guests was improved.

In the early Middle Ages, country life became more intense and more important due to the disappearance of cities with the invasion of the Roman Empire by the barbarians. There was a flight of people from cities to farms in search of shelter, protection and food. As the barbarians themselves were farmers and shepherds, after the looting they returned to the countryside, where they settled. The barbarian kings donated the fiefs, large tracts of land, to those who had distinguished themselves in wars. Over time, the owners of properties became powerful, being owners not only of the land, but of everything within it, including the peasants, and thus the feudal nobility was formed.

The Church owned many lands, donated by the nobles and the monasteries were always great centers of culture, being very important for gastronomy. The culinary knowledge of the Romans was inherited and simplified, improving the quality of food and preparations. The monks also developed gardening and horticulture by resuming the use of fruits and vegetables in meals.

The monasteries maintained community bakeries because of the extinct bakeries in Rome and served as food stores for the surroundings, and over time, they began to increase their production and sell food in open markets.

Fish began to be used on a large scale due to the great fishing center of the Atlantic Ocean, being cheap and popular and became the basis of the diet of Christians and highly valued in the Middle Ages.

At this time, the cuisine was neither varied nor appetizing, as the ingredients were mixed without any concern for combination. Spices, such as nutmeg and black pepper, were considered essential items, being served in noble utensils of gold or silver and limited to the table of kings.

They ate a lot and voraciously. The meat was cut with the dagger itself or with the hands and the remains were thrown to the dogs on the ground. Roasts were used a lot, and stews were forgotten until the 18th century. XIII when it returned to using ovens and sauces began to be appreciated. In the same century, the Chinese offered the navigator Marco Polo a dough made from wheat flour or soy, which originated spaghetti and noodles and rice was brought from Asia and spread throughout Europe.

The taking of Constantinople by the Turks marked the end of the Roman Empire and the end of the Middle Ages.

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Fonte | research source:
  • CASCUDO, L.C. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1983.
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  • História do Mundo. Idade Média. Disponível em: <https://www.historiadomundo.com.br/idade-media>


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